PRIVATIZAR O DA GUERRA
Nicolau Maquiavel, autor de “O Príncipe”, aconselhou o príncipe sobre como se manter no poder, e afirmou que o Estado deveria ter, em primeiro lugar, um exército próprio, regular. É difícil imaginar isso hoje, mas no século XVI os estados nacionais, ainda em formação, pagavam pessoas para defendê-los ou atacar um inimigo. Eram os mercenários. Maquiavel apontava riscos nessa prática, dentre eles o abandono da guerra pelos contratados, chantagens e até rebeliões contra o príncipe. Cinco séculos depois, as lições do pensador florentino retornam à ordem do dia. Os Estados Unidos se retiraram do Iraque, em 2011, celebrando a decisão como um grande feito; aos poucos, soldados americanos são também retirados do Afeganistão. Saíram os mariner’s e entraram as empresas de segurança privadas. Essa terceirização das forças armadas é um bom negócio para os contratados: em geral, são empresas americanas que oferecem seus serviços de segurança; muitos dos seus sócios são ex-oficiais e ex-combatentes americanos. Os salários pagos aos terceirizados são vultosos, proporcionais aos riscos. Essas empresas atuam na área de segurança e defesa, com um alto grau de especialização, e normalmente trabalham para Estados e organizações internacionais em todo tipo de conflitos e cenários. Realizar segurança de ministros e autoridades pode render cem mil dólares por mês; já a expectativa de vida dessas pessoas é estimada em três meses. Suas tarifas são bastante elevadas. Como ressalta Joseph Stieglitz no seu livro "Three trillions dollars war" ("Guerra de três milhões de euros", 2008), seus custos são de duas a quatro vezes mais elevados do que nos exércitos regulares. Para algumas atividades bastante específicas, como no Iraque, essa proporção pode ir de uma a dez vezes mais. Mas é preciso levar em conta que os contratos firmados com as empresas privadas podem ter uma duração bastante limitada, o que é difícil com