prisca
Ela é uma mulher comum. Dessas mulheres de fibra, resistente feito rocha, ao mesmo tempo sensível como flor. Em seu semblante tem guardado as marcas de uma vida sofrida e cheia de perdas repentinas, vide o falecimento dos pais quando criança. De cor preta como a mais bela das noites, cabelos crespos, fortes e cheios de vida. Alguns lhe acham gorda, outros que está acima do peso, mas ela se admite esbelta e cheia de beleza.
Pois bem, a mulher que vos descrevo é Danusa Marley, mais conhecida como “Prisca”, mora com uma irmã, dose anos mais nova. A casa em que residem tem apenas um quarto, sala, cozinha e banheiro. O telhado é de “Eternit”, ainda da época em que seus pais estavam vivos, o chão malmente possui piso. Móveis quase não existem, à exceção do velho sofá de couro marrom esburacado, uma Tv quatorze polegadas e uma mesa improvisada com caixotes e tábuas conseguidas na feira há alguns anos. Na cozinha a pequena dispensa estava complementada por algumas latas de biscoito e um quilo de feijão, a a direita, sobre o fogão enferrujado, sustentado por calço, uma panela de pressão chiava tal qual uma locomotiva, ao lado outra panela continha um pouco de arroz branco e farinha. Ainda não haviam feito a entrega da geladeira nova, comprada por “Prisca” dois ou três dias antes - fato que lhe deixou agoniada- A loja justificou a demora se apegando ao fato de que a casa ficava muito longe, o que não fugia à realidade.
Vivia em um bairro muito distante do centro comercial da cidade, o acesso era feito por uma pequena estrada de barro esburacada, mal entrava automóveis naquela vila histórica esquecida pelas autoridades e aparentemente pelo resto do mundo.
Segundo consta a vila Zeferina é pequeno resquício de um território quilombola do século VXIII, que foi sendo desocupado com o advento dos pólos industriais, isso já no século XX. Centenas de famílias negras deixaram a região sonhando por dias melhores, mas sabemos bem que a grande