Prefácio- Martelo das bruxas
Carlos Amadeu logo dá ênfase ao título da obra, Malleus Meleficarum, afirmando que esta é uma das palavras mais terríveis do Cristianismo. Esse livro foi a bíblia do inquisidor, e foi escrito no esplendor do Renascimento se transformando no apogeu ideológico e pragmático da Inquisição contra a bruxaria, onde, as maiores prejudicadas foram as mulheres, pois, eram vistas como símbolos do mal. Este é um manual de ódio, de tortura e de morte, no qual o maior crime não é a bruxaria em si, mas, este crime é cometido pelo próprio legislador ao redigir a lei. Aqui, as milhares de pessoas vitimas desse manual não têm como se explicar, e algumas delas só eram mulheres histéricas, mas foram condenadas a morte ou a prisão perpetua. Esse livro mostra a loucura dos legisladores que expuseram orgulhosamente seus feitos. Amadeu continua dizendo que o livro é diabólico na sua concepção e na sua redação. E concordo com ele, pois o autor chega a afirmar que o próprio diabo é menos pecador do que as bruxas, pois o diabo só pecou contra o criador, mas as bruxas pecaram não só contra o criador mas também ao salvador, por isso seus pecados eram maiores.
A obra é dividida em três partes, a primeira enaltece o demônio com poderes divinos extremos e sua ligação com as bruxas, e o interessante é que os inquisidores trataram de articular sua ideologia, declarando herética qualquer descrença nos escritos. A segunda parte ensina como reconhecer e neutralizar a bruxaria no cotidiano da população. Por exemplo, briga entre vizinhos, uma vaca que dá mais ou menos leite, uma criança que adoece, impotência sexual, tempestades. Essas coisas que são comuns não eram naturais, elas na maioria das vezes estavam ligadas a bruxaria. O difícil de entender é como bruxos e bruxas conseguiam deter tamanho poder sobre o diabo. A terceira parte é a mais desumana, os detalhes são dados minuciosamente de como julgar e sentenciar casos de