Ruff
Ruff Ghanor foi um acidente. Talvez seja a melhor forma de descrever a concepção do personagem, que aconteceu em uma sessão de rpg (Role Playing Game) gravada e publicada em áudio pelo site Jovem Nerd. O nome que deu título à aventura em podcast não foi pesquisado, não constava em nenhum roteiro nem eu o havia visto ou pronunciado antes. “Em que reino nós estamos?” – perguntou um dos jogadores. “Ghanor” – o nome despontou em minha mente sem qualquer explicação. Ser surpreendido pelos jogadores com questionamentos e ações imprevistas é bastante comum para um mestre de jogo. A resposta deve ser rápida e coerente. É geralmente desses espasmos criativos que surgem os mais memoráveis momentos das aventuras imaginárias. No fim da sessão, Ghanor não era apenas um reino, mas também o nome de seu fundador, um antigo herói, uma figura lendária conhecida e venerada por todos, de nobre a aldeão. Nada disso fazia parte da aventura que vinha sendo narrada. Foi tudo tirado da cartola da criatividade no calor do momento. Ruff Ghanor era um detalhe secundário. Uma vírgula narrativa para dar alguma profundidade histórica àquele universo fictício, protagonizado por um grupo de aventureiros. Porém, Ruff estava destinado a ser mais que isso. A aventura em podcast ganhou uma expansão na forma de um guia ilustrado, intitulado “Crônicas de Ghanor”. Em uma página dedicada ao herói, Ruff ganhou um resumo mais detalhado de sua história e uma forma visual concebida pelo ilustrador Andrés Ramos, que fez com que ele deixasse de ser apenas um fantasma do passado. Ruff Ghanor ficou interessante. Esses discretos novos parágrafos sobre o passado do personagem lá estavam por mera curiosidade. Mas foi como abrir um pequeno buraco no chão e ver a terra umedecer. Havia uma fonte d’água a ser descoberta. Só era preciso escavar mais. Haveria de fato uma boa história a ser contada ali? Era preciso encontrar alguém com talento na literatura fantástica e sensibilidade para compor uma