Predominio humano de keith thomas
Keith Thomas relata, com imparcialidade e sabedoria, como ocorreu a mudança de visão do ser humano em relação ao mundo “natural” através dos séculos, pois, desde antes de Platão e Aristóteles, por alguma razão ininteligível, o ser humano procurou projetar nos animais as suas próprias imperfeições, para então usar isso como motivo para fazer com eles o que bem entendesse.
Além do uso de animais para subsistência, o antropocentrismo religioso – a crença de que o Homem é superior aos demais seres por apenas ele possuir uma alma – as superstições – mantidas até hoje – e questões estéticas resultaram no sistemático e incompreensível extermínio de inúmeras espécies.
Só para citar alguns exemplos, na Idade Média, trabalhadores das lavouras matavam as minhocas porque achavam que elas devoravam as raízes das plantas, gaios e pica-paus eram caçados e exterminados sem nenhum motivo e sapos eram mortos já que se acreditava que possuíam uma pedra preciosa incrustada na cabeça.
Práticas antigas completamente absurdas e descabidas, como o açulamento, que era o hábito de se atiçar cães em porcos e touros amarrados – pois se acreditava que isso melhorava a qualidade da carne ao fazer-se o sangue do animal circular mais depressa – também eram mantidas por superstição e ignorância.
Em alguns casos, até dava para entender, como no caso das gralhas, que eram perseguidas por serem consideradas “aves de mau agouro” pelo fato de sua predileção por cores brilhantes as levarem a juntar objetos para seus ninhos, o que incluía cigarros acesos e pedaços de madeira em brasa, o que porventura ocasionava incêndios.
O que ocorria é que, por causa de um ou outro acidente, perseguia-se uma espécie inteira.
Foi mais ou menos o que ocorreu nos