Pre-Modernismo
Alcmeno Bastos
Em princípio, são duas as acepções possíveis para o termo Pré-Modernismo.
Se o prefixo indicar apenas uma antecipação cronológica, sob esse rótulo se abrigará a produção literária imediatamente posterior aos períodos literários que marcaram o final do século XIX: Parnasianismo e Simbolismo, na poesia, Realismo-Naturalismo, na prosa de ficção. Contudo, se o prefixo indicar uma antecipação estética, essa mesma produção, via de regra situada nas duas primeiras décadas do século XX, dará ao termo o valor semântico de quase-Modernismo. Significaria dizer que a revolução modernista, nítida a partir da década de 20, fora anunciada no período entre 1900 e 1920, aproximadamente.
Em qualquer dos casos, Pré-Modernismo vale por indicar uma fase de transição, mistura de tendências em declínio e de outras mal anunciadas. A escolha do prefixo pré- indica, porém, a idéia de prevalência do novo, pois, do contrário, se se tratasse de diferimento de tendências prolongadas além de seu momento de fastígio, caberia o prefixo pós-. A eleição cada vez mais consensual do termo Pré-Modernismo revela a maior aceitação da primeira hipótese. Via de regra, os historiadores da literatura, responsáveis por seus rótulos, preferem caracterizar um período de transição como aquele no qual as tendências passadas mal resistem ao sopro da renovação. Trata-se, é claro, de uma concepção eminentemente evolucionista, reveladora da confortável certeza do historiador de que as formas literárias avançam sempre, livram-se da herança do passado recente e dão o mergulho fatal na nova verdade estética.
De todos os períodos ditos de transição na história da literatura brasileira, apenas este começa a merecer o favor do reconhecimento historiográfico. O lapso de tempo que decorre do fulgor do Barroco literário até o aparecimento da obra tida como marco inicial do Arcadismo, as Obras (1768) de Cláudio Manuel da Costa - em números redondos, toda a