PPL
Durante o século XVIII, o aumento na alfabetização dos europeus foi produto de crescentes facilidades educacionais que faziam parte do movimento pela reforma da cultura popular. Havia uma ambivalência entre os reformadores quanto à alfabetização popular: desconfiavam da tradição oral, mas temiam que a educação tornasse os pobres descontentes com sua condição e os estimulasse a deixar o campo. Alguns pensavam que nem todas as crianças deveriam aprender a ler e escrever; outros defendiam que os camponeses aprendessem rudimentos da escrita, leitura e matemática apenas.
Os religiosos acreditavam que a alfabetização era um passo para a salvação. Na Inglaterra, uma revolução educacional incentivada por eles entre os anos de 1560 e 1640 promoveu significativo aumento nas taxas de alfabetização do século seguinte, graças à construção de escolas dominicais. Todavia, as consequências da alfabetização não foram como esperavam os devotos.
Esse processo, contudo, apresentava três problemas mais evidentes. O primeiro deles era o acesso físico: como os livros chegavam aos camponeses e artesão letrados. Os habitantes da cidade podiam comprá-los em muitos lugares, às vezes pendurados num cordão na rua (daí a literatura popular ser chamada de literatura de cordel). Quanto aos camponeses, a distribuição era mais problemática, porém existia: os impressos eram vendidos nas feiras ou por mascates e cantores ambulantes de baladas. O segundo desafio era econômico, mas, num tempo em que o preço do papel superava o de hoje em dia, livros pequenos eram baratos (parece que o valor de folhetos e livretos cabia nos recursos de alguns artesãos e camponeses). Finalmente, há o problema do acesso linguístico. Quem se der ao trabalho de ler algumas dessas obras, perceberá o emprego de linguagem simples, vocabulário pequeno e construção pouco elaborada. Portanto, não há problemas de compreensão mesmo para indivíduos com dificuldade, exceto em regiões muito distantes dos