Resenha Cohen J

RASHOMON MULTIPLICADO
Por Roberto Segre*, 2013 disponível online em http://editora.cosacnaify.com.br/blog/?p=15187
Pouco antes de falecer, o professor e crítico Roberto Segre resenhou, para a revista argentina Summa+, o livro O futuro da arquitetura desde 1889: Uma história mundial, de Jean-Louis Cohen, publicado originalmente em 2012 e lançado este ano pela Cosac Naify.
Akira Kurosawa só precisou de quatro testemunhas para esclarecer as diversas verdades acerca de um delito no filme Rashomon. O movimento moderno necessitou de mais de trinta versões para documentar as complexas alternativas da arquitetura e do urbanismo do século XX, que começaram o com texto Die Baukunst der neuesten Zeit (1927), de Gustav Adolf Platz, e culminaram com o recente livro de Jean-Louis Cohen [O futuro da arquitetura desde 1889: Uma história mundial]. Para aqueles, como nós, que participamos desse processo e nos formamos na década de 1950, as fontes utilizadas nas aulas universitárias para conhecer essa história contraditória não eram muitas. O primeiro livro acessível foi Espaço, tempo e arquitetura, de Sigfried Giedion (1941), cuja frieza anglo-saxã nos levou de volta ao Renascimento e ao período Barroco para justificar as transformações urbanas e arquitetônicas do século XX, basicamente na Europa e nos Estados Unidos. Depois, nos apaixonamos por Bruno Zevi
– ao presenciar, em 1951, suas cenográficas conferências em Buenos Aires –; e devoramos a sua Storia dell‘architettura moderna (1951), ainda que estivéssemos pouco crédulos em relação ao seu apoio incondicional a Frank Lloyd Wright e suas críticas ao racionalismo europeu, visto a partir do contexto argentino no qual o nosso guru indiscutível era Le Corbusier.
Já dedicados ao ensino, por muito tempo foi fundamental o texto da História da arquitetura moderna, de
Leonardo Benevolo (1960). Era realmente a summa do movimento moderno – em seus dois volumes que tinham 1066 páginas e 992 ilustrações – que partia do neoclassicismo no