Potlatch
O "potlatch" é uma cerimónia com carácter de festa, no decurso da qual um chefe oferece ostensivamente uma quantidade enorme de riquezas a um rival. para o humilhar ou desafiar. Este último, para apagar a humilhação e contrariar o desafio tem de dar satisfação à obrigação moral que reconheceu ao aceitar o dom. Assim, deve mais tarde ser organizado um novo "potlatch", mais importante que o primeiro, onde se mostrará mais generoso que o anterior dador. Por outras palavras, deve dar sem usura.
Praticado no decurso de uma iniciação, de um casamento, de funerais ou de ascensão ao poder, o "potlatch" muda de forma segundo as tribos e segundo a importância de quem o organiza.
3.
Os etnólogos que observaram o "potlatch" entre os Tlinguit, os Haida, os Tsimshian e os Kwakiutl puderam verificar que o dom não constituía a sua forma exclusiva. O "potlatch" consiste muitas vezes numa destruição espectacular de enormes riquezas. Os índios da costa nordeste chegam a incendiar as suas aldeias, destruir as canoas ou lançar para o mar lingotes de cobre de grande valor. Neste caso, o "potlatch" evoca as formas religiosas e míticas do sacrifício.
4.
Excluindo qualquer regateio, o "potlatch" é ao mesmo tempo, paradoxalmente, perda e aquisição. O dom das riquezas equivale à aquisição de prestígio, de poder. Destruir e dar resulta afinal numa afirmação do poder de destruir e de dar. Mas estas duas operações só têm sentido se forem praticadas diante do outro. "O ideal", escreve Marcel Mauss, "seria oferecer um "potlatch" que não fosse pago na mesma moeda".
5.
É também uma forma primitiva de troca e de concorrência. Um meio de circulação de riquezas que se manifesta sob a forma ritual de uma demonstração de generosidade em que há um vencedor e um vencido. ( A