Ensaio sobre a dádiva - marcel mauss
MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a dádiva. In: MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. São Paulo, Cosac Naify, 2003, p. 185-314.
Marcel Mauss inicia o seu artigo intitulado Ensaio sobre a Dádiva com um poema, pois o autor imagina que o mesmo servirá de epígrafe em seu trabalho. As estrofes da epígrafe indicam que os amigos devem sempre presentear-se uns aos outros, pois os que sempre trocam presentes são amigos por mais tempo; e devem sempre retribuir presente por presente. A epígrafe indica também que o fato de não se retribuir adequadamente o presente recebido, ou seja, manter a avareza, gera o medo. A primeira perspectiva é que o mercado sempre existiu e o que interessa para o autor é como a troca acontece. Ele não se contenta com exemplos das sociedades contemporâneas e sempre busca em outras.
Em muitas civilizações, os presentes se dão em forma de contratos e trocas; são de forma obrigatória, dados e retribuídos. A obra de Mauss é fruto de estudos mais vastos. De fato, ele nunca chegou a fazer trabalho de campo e deixou bem claro que não tinha a intenção escrever um livro. Escreveu somente artigos com o objetivo de incentivar seus alunos a continuarem os estudos na área da antropologia. Marcel Mauss dirige sua atenção ao mesmo tempo para o sistema contratual e para a economia de diversas sociedades consideradas primitivas.
O problema em que o autor se dedica especialmente em resolver é compreender “qual é a regra de direito e de interesse que, nas sociedades de tipo atrasado ou arcaico, faz com que o presente recebido seja obrigatoriamente retribuído?” e “Que força que existe na coisa dada que faz com que o donatário a retribua?” (p. 188). Marcel Mauss segue um método de comparação preciso, onde só estuda o seu tema em áreas determinadas e escolhidas. Essas áreas escolhidas são a Polinésia, a Melanésia, o Noroeste Americano e alguns grandes direitos.
O trabalho aqui analisado é parte de uma seqüência de pesquisas, que durante muito tempo já