posições na ciência política
POSIÇÕES E DIVISÕES NA CIÊNCIA POLÍTICA
BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA:
EXPLICANDO SUA PRODUÇÃO ACADÊMICA
Fernando Baptista Leite
RESUMO
O artigo é um estudo preliminar, exploratório, da história da Ciência Política brasileira. Buscamos fornecer subsídios para identificar as razões históricas por trás dos dois princípios de divisão da produção acadêmica da Ciência Política contemporânea: o contínuo teórico-empírico e o contínuo politicismo-societalismo. Em primeiro lugar, apresentamos o esquema teórico utilizado para interpretar a história da Ciência Política brasileira. Aproveitamos tal apresentação para discutir algumas questões teóricas importantes, especialmente de ordem conceitual. Em segundo lugar, apresentamos a hipótese de pesquisa, construída à luz daquele esquema, a fim de fornecer uma direção para a elaboração da explicação histórica. Enfim, com essa hipótese em mãos e utilizando algumas evidências bibliográficas, antecipamos uma interpretação provisória. Essa interpretação baseia-se nos seguintes eixos: o processo de institucionalização e o processo de autonomização do campo da Ciência Política, dividido em dois tipos, a autonomização cultural (de valores, teorias, métodos etc.) e a institucional (que se refere ao processo de institucionalização da disciplina), que envolvem um conflito mais ou menos explícito entre distintas visões de ciência política.
PALAVRAS-CHAVE: Ciência Política brasileira; história da Ciência Política; intelectuais; princípios de divisão; visões de ciência política.
I. INTRODUÇÃO
Este trabalho é parte de uma pesquisa que tem por objetivo fazer uma “radiografia” do campo da
Ciência Política brasileira contemporânea, identificando sua estrutura, e elaborar uma explicação desta, identificando fatores responsáveis por gerá-la. Tratando-se de um longo e complexo empreendimento, dividimo-lo em duas etapas: a primeira, de caráter predominantemente