Positivismo
Na França a História do agnosticismo é inseparável do nome de AUGUSTO COMTE (1789-1857). A sua atitude agnóstica radical ele a exprime um sem-número de vezes. O caráter fundamental da filosofia positiva é considerar “como absolutamente inacessível e sem sentido para nós a investigação das chamadas causas primeiras ou finais”.
A afirmação é categórica e dogmática, muito no estilo de COMTE. E a prova? A prova prende-se necessariamente à exposição de uma grande teoria sobre a evolução intelectual da humanidade, vulgarmente conhecida com o nome de lei dos três estados. “Espinha dorsal” do positivismo, chamou-a com razão STUART MILL. É de fato a estrutura interna que lhe percorre todo o sistema, a cadeia principal do arcabouço a que incessantemente se vêm articular todas as outras idéias, condicionando-lhe o método de investigação e, em grande parte, o valor de suas conclusões.
A evolução intelectual da humanidade atravessou na história três grandes fases ou estados sucessivos: o teológico, o metafísico e o positivo. O primeiro é o ponto de partida indispensável, o terceiro o seu estado definitivo; o segundo, intermediário, marca apenas uma fase de transição.
O modo de pensar teológico, que caracteriza a primeira fase, procura explicar “a natureza íntima dos seres, as causas primeiras e finais de todos os efeitos que o impressionam, numa palavra, tende para um conhecimento absoluto”. Com a base racional e empírica é ainda muito insuficientemente a faculdade que entra em jogo; é principalmente a imaginação a apelar para seres preternaturais — mais ou menos numerosos deuses, espíritos ou demônios — cujas vontades arbitrárias e caprichosas explicam “todas as anomalias aparentes do Universo”. A necessidade de unificar leva progressivamente o homem à simplificação deste mundo de agentes superiores. Num primeiro momento aparece o fetichismo que atribui aos seres uma vida espiritual semelhante à nossa. Sucede-lhe o politeísmo e