Português padrão, português não-padrão e a hipótese do contato linguístico
JMATERíAL BXcTusTvdl jRAS;^ DE PROFESSORES| lOAíA: •^•-,;
Português padrão, português não-padrão
Universidade Federal de Minas Gerais
Heliana Ribeiro de Mello
por
ea hipótese do contato lingüístico
Introdução
As questões ligadas aos processos sociohistóricos e lingüísticos que mo
delaram o português brasileiro nos levam a refletir sobre o contato dos mi
lhões de africanos que aqui conviveram com a população nativa indígena e
com o elemento colonizador português. Um dos primeiros fatores a se levar em consideração ao analisar a ecologia lingüística caracterizadora do Brasil
colonial é, sem dúvida, o multilingüismo. Sabe-se que aqui abundavam lín guas nativas, apesar de ser mais comum ouvirmos falar de línguas tupis e de uma eventual coiné, a língua geral. Ademais, sabemos que o português quinhentista para cá trazido não era uniforme e padronizado. Se hoje Portugal,
apesar da pequena extensão territorial, apresenta uma variedade de dialetos
distintos, maior ainda eram essas variações no seu período pós-arcaico - foi esse o momento de formação de uma língua padrão portuguesa; quando a litera tura escrita nessa língua começava a se firmar e quando os primeiros compên
dios gramaticais foram escritos. Adicionem-se às línguas indígenas e diale-
4
342
dialetal extensa, incluindo aí dialetos regionais c sociais.
1Entenda-se aqui português brasileiro como unia supra-categoria que abarca uma variedade
quasi-passiva em lugar de passivas sintéticas), relativas cortadoras e com
miliares etc. No PNP observam-se características como: redução do paradigma de concordância verbal, marcação de concordância de número no primeiro elemento do SN, predominância de construções analíticas (por exemplo, a
pulacional que pouco ou nenhum acesso teve à educação escolar. Esse dialeto pode também ser utilizado por pessoas que apesar de dominarem variedades dialetais padrão, se expressam em PNP em contextos