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Consoada
Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
( Manuel Bandeira )
(Poema digitado e conferido por mim mesmo em 1 de novembro de 2012, publicado em Bandeira de bolso: uma Antologia Poética - Porto Alegre, RS: L&PM, 2012. p. 133)
Chama e Fumo
Amor – chama, e, depois, fumaça…
Medita no que vais fazer:
O fumo vem, a chama passa…
Gozo cruel, ventura escassa,
Dono do meu e do teu ser,
Amor – chama, e, depois, fumaça…
Tanto ele queima! e, por desgraça,
Queimando o que melhor houver,
O fumo vem, a chama passa…
Paixão puríssima ou devassa,
Triste ou feliz, pena ou prazer,
Amor – chama, e, depois, fumaça…
A cada par que a aurora enlaça,
Como é pungente o entardecer!
O fumo vem, a chama passa…
Antes, todo ele é gosto e graça.
Amor, fogueira linha a arder!
Amor – chama, e, depois, fumaça…
Porquanto, mal se satisfaça
(Como te poderei dizer?…),
O fumo vem, a chama passa…
A chama queima. O fumo embaça.
Tão triste que é! Mas… tem de ser…
Amor?… – chama, e, depois, fumaça:
O fumo vem, a chama passa…
( Manuel Bandeira, Teresópolis, 1911 )
(Poema digitado e conferido por mim mesmo e Rebeca dos Anjos em 2 de novembro de 2012, publicado em Bandeira de bolso: uma Antologia Poética - Porto Alegre, RS: L&PM, 2012. p.