Pornografia
A nossa herança cultural, de vergonha e de culpa, proibitiva do prazer, não dava espaço para que surgisse interesse por parte das mulheres neste tipo de material. Socializadas de forma mais repressiva, sempre impedidas de explorar a sua sexualidade e de trilhar um caminho de descoberta do prazer sexual, o recurso à pornografia esteve sempre fora de questão para o universo feminino.
Por outro lado, uma visão mais recente e puramente feminista sempre repudiou este tipo de produto. Considerava-o misógino, acusando-o de degradar a imagem das mulheres e de as explorar.
Ultrapassando qualquer destas barreiras, a atração à pornografia por parte das mulheres nunca foi grande. “O erotismo feminino não passa muito pelo visual. Os estímulos visuais são muito mais um padrão masculino”, comenta a sexóloga Ana Alexandra Carvalheira, investigadora do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA) e presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica (SPSC). “A produção de pornografia como até agora conhecemos é pouco interessante para o erotismo das mulheres. A falta de uma narrativa consistente, a seleção de imagens explícitas, às vezes brutalmente explícitas, que não deixam nenhum espaço para a imaginação, e a força da imagem – pénis, órgãos sexuais sem pelo, para se ver o tamanho e todo o resto –, tudo isso é pouco interessante para o erotismo feminino. Este precisa da