Por uma epistemologia da comunicação1
Eduardo Duarte Professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFPE A idéia da construção de uma epistemologia da comunicação esbarra inevitavelmente em dúvidas naturais quanto ao que se entende pelo termo comunicação. Esse termo, enquanto um campo de pesquisa e estudo científico, ainda é muito recente e por esse motivo ainda passa por tentativas de redefinições ou reposicionamentos conceituais no intuito de construir uma ou mais imagens comuns que expressem um conceito. Poderíamos começar nos perguntando primeiramente: o que é comunicação? Afinal de contas, nos últimos 100 anos essa palavra tornou-se a expressão de um dos motores essenciais da civilização contemporânea. Passou, por isso mesmo, a ter sua definição expressa nos mais diferentes contextos e descrevendo os mais variados fenômenos nos campos do saber, como por exemplo: as intercomunicações celulares, na Biologia; a formação das redes neurais nas Ciências Cognitivas; os fenômenos de troca de calor, na Termodinâmica; os estudos dos meios de comunicação de massa e os estudos do corpo como plataforma de significados, vistos tanto na Sociologia quanto na Antropologia. Não é preciso aprofundar-se na aplicação do termo noutros campos da ciência para enxergar o seu uso diversificado. Pensar uma epistemologia da comunicação implica em tentar circunscrever mais precisamente o termo, encontrar um conjunto de idéias que se interliguem e expressem o que se tenta tomar como tema de estudo e pesquisa de princípios teóricos e metodológicos. Uma epistemologia é uma forma de indagar a realidade. A palavra epistemologia é definida num dicionário etimológico como, “o estudo crítico dos princípios, hipóteses e resultados das ciências já constituídas e que visa a determinar os fundamentos lógicos, o valor e o alcance objetivo delas.”2 Mais especificamente temos que as palavras espiteme e logos vêm do grego e significam ciência e estudo, respectivamente. De uma outra forma,