Populismo no brasil
Não importa qual seja a escolha realizada; escrever sobre o populismo no
Brasil será sempre um risco. Por incompletude ou por “má” compreensão, por adesão ou por rejeição, o texto será alvo fácil para críticas de todas as espécies. Neste sentido, o destino de qualquer reflexão que trate do tema, reproduz, em certa medida, o próprio destino de seu objeto de estudo.(***)
Consciente, portanto, de tais percalços, este trabalho assume uma abordagem historiográfica para enfrentar o “tema” do populismo. Trata-se de acompanhar a trajetória de um conceito na produção acadêmica da história e das ciências sociais no Brasil, tendo por base um período aproximado que decorre de meados dos anos 50 até os dias atuais. Tal desejo já é por si só ambicioso e exige uma estratégia altamente seletiva de operacionalização. Portanto, não se pretende, de nenhuma forma, nem discutir a questão dos significados do conceito em outras experiências históricas
(como a russa ou norte-americana), nem estender as observações aqui formuladas a outras vivências latino-americanas e nem mesmo tentar esgotar o debate sobre o tema em nosso país. O objetivo deste texto é procurar identificar e delinear as principais propostas elaboradas para conformar a categoria na experiência brasileira, situando tão somente alguns contextos, autores e textos. Desta forma, seria possível sistematizar os rumos de uma formulação, ainda que com muitas ausências, localizando, de maneira esquemática, argumentos e questões centrais de um debate que se prolonga até hoje.
(*)Este texto foi apresentado no XI Congresso Internacional da Associação de Historiadores Latinoamericanistas
Europeus ( AHILA ), realizado na Universidade de Liverpool de 17 a 22 de setembro de 1996.
(**)Professora Titular de História do Brasil, Universidade Federal Fluminense, UFF . Autora de História e historiadores: a política cultural do Estado Novo, Rio de Janeiro, Ed. FGV, 1996.
(***) Mas,