População e Geografia: Amélia Damiani
O livro População e Geografia em suas primeiras páginas abordam as diferentes concepções sobre população. A autora ressalta que voltar a teorias ou reflexões sobre população, como as de Malthus e os neomalthusianos, e as de Marx e seus seguidores como críticos dos primeiros, não significa esgotar as leituras de população existentes, ela fala ainda que as discussões acerca da população começaram a surgir a partir do século XVIII e que seu percussor era Malthus.
Thomas Robert Malthus escreve seu Primer Ensayo sobre la Población em 1798. No momento em que Malthus escrevia, final do século XVIII e início do século XIX, vivia-se na Inglaterra, o desenvolvimento da grande maquinaria, substituindo a manufatura, o que alguns chamavam de industrialismo. Partindo disso, desencadeia-se uma revolução no meio de trabalho, com o surgimento de um sistema de máquinas organizado na fabrica. Esse sistema revolucionou a vida de milhares de trabalhadores, expulsando-os de seus empregos; o trabalho do homem adulto em determinadas fases produtivas foi substituído pelo trabalho da criança e da mulher e, deslocado para novos ramos de produção. Em suma, tudo isso gerou desemprego, movimentação do trabalhador de um lugar para outro, transformação de sua vida em família, aumento da mortalidade infantil, bem como a miséria.
A miséria seria, segundo Malthus, um obstáculo positivo, que atuou ao longo de toda a vida humana, para reequilibrar a desproporção natural entre a multiplicação dos homens – o crescimento populacional – e a produção dos meios de subsistência – a produção de alimentos.
Por trás dessa constatação estaria uma lei natural: a do crescimento da população num ritmo geométrico e a dos produtos de subsistência num ritmo aritmético. Ou seja, o crescimento natural da população, que é determinado pela paixão entre sexos, excede a capacidade da terra para produzir alimentos para o homem. A