Política Social e Método de Trabalho
“[...] as concepções da política social supõem sempre uma perspectiva teórico-metodológica, o que por seu turno tem relações com perspectivas políticas e visões sociais de mundo (Löwy, 1987). Toda análise de processos e relações sociais, na verdade, é impregnada de política e disputa de projetos societários, apesar de algumas perspectivas analíticas, como veremos, propugnarem de variadas formas o mito da neutralidade científica.” (p. 25)
“O processo social que está em nosso foco de análise – a política social – é revelador da interação de um conjunto muito rico de determinações econômicas, políticas e culturais, no mesmo passo em que é coberto pelo véu ideológico do ‘mundo da pseudoconcreticidade’, aquele que, segundo Kosik (1986), precisa ser destruído para que possamos ir além das suas manifestações fenomênicas, para em seguida reconstruí-lo no nível do pensamento com toda a sua riqueza. [...] a política social torna-se fortemente descritivo, com um volume excessivo de dados técnicos, os quais evidentemente não falam por si: requisitam a análise exaustiva de suas causas e inter-relações, e das razões econômico-políticas subjacentes aos dados.” (p. 25)“[...], transferindo-a para uma dimensão instrumental e técnica, e esvaziando-a das tensões políticas e societárias que marcaram a formulação e a cobertura das políticas sociais.” (p. 26)
“[...], a política social será abordada a partir da perspectiva crítico-dialética, [...] A maior contribuição da tradição marxista para uma abordagem da política social – e dos processos sociais, de uma maneira geral – ou de uma reconstrução dessa categoria inscrita na realidade sócio-histórica é exatamente a sua perspectiva metodológica, com o que concordamos com Lukács, quando nos diz: ‘O Marxismo ortodoxo não significa, pois, uma adesão sem crítica aos resultados da pesquisa de Marx, não significa uma ‘fé’ numa ou noutra tese, nem a exegese de um livro ‘sagrado’. A ortodoxia em matéria de marxismo