Política de emprego e inclusao
Políticas redistributivas de renda orientadas ao desenvolvimento local
Selvino Heck
Introdução
O ser humano não vive sem pão. A palavra carrega e divulga a mensagem e os valores. O pão sem a palavra não tem sentido, é vazio. A palavra sem pão é estéril. O pão e a palavra exigem um projeto. Um projeto sem pão e sem palavra é desencarnado.
O povo hebreu, saído da escravidão do Egito, ficou sem comida no deserto. Moisés falou com Deus e providenciou o maná. Jesus, quando os discípulos lhe disseram que era preciso mandar a multidão para casa no fim do dia porque não havia o que comer, pediu-lhes que fossem em busca de alimento. Organizando-se o povo em grupos de cinqüenta, recolhendo e partilhando o pouco que cada um tinha trazido, multiplicaram-se pães e peixes.
Moisés deu-se conta de que liderava um povo que sofrera a opressão. Não bastava o maná. Sem a palavra, o povo não atravessaria o deserto. E foram proclamados os Dez
Mandamentos, a mensagem que organizava o povo. Jesus, tendo saciado a fome dos cinco mil que o seguiam, proclamou o Sermão da Montanha, mensagem fundamental de práticas e valores a serem vividos.
O pão como único objetivo, individual e/ou coletivo, de uma pessoa, de uma comunidade, de uma nação leva à opulência, à desigualdade econômica e social, ao consumismo. Por outro lado, “barriga vazia não faz revolução”. Ao contrário, produz o conformismo, a passividade, abre espaços para o clientelismo e a dominação de pessoas e povos. A palavra sozinha, embora mobilize massas, corações e mentes, torna-se discurso oco que cai na demagogia e no populismo. A teoria,quando não ligada à prática e à realidade, esvazia-se no conteúdo e no papel transformador.
O pão e a palavra não bastam. Moisés sinalizou um projeto, a Terra Prometida, “onde corriam o leite e o mel”. Jesus anunciou o Reino de Deus já a partir deste mundo como projeto vivido de acordo com o Sermão da