Polícia, Sociedade e Direitos Humanos
De fato, como apontam outros textos estudados neste módulo, a polícia é instrumento de força do Estado para limitar a liberdade do cidadão e preservar a ordem constituída. Entretanto, essa função de garantia da paz social é maculada pela memória de um recente passado ditatorial que opôs segurança pública e direitos humanos, e pelos casos de abuso e brutalidade cotidianamente estampados nas mídias em geral.
Segundo Thompson, essa visão bastante arraigada no imaginário popular de uma polícia truculenta, despreparada e insensível às necessidades da população, encaixa-se à perfeição no discurso maniqueísta das elites que, ao apontarem os vícios dos policiais “bárbaros e imorais”, livram-se de questionamentos sobre o sistema de poder estabelecido, ao mesmo tempo em que garantem sua perpetuação.
A título de ilustração: por ocasião de uma tragédia contemporânea, o governador do Rio de Janeiro chamou os policiais que alvejaram uma criança numa rua carioca durante uma perseguição de “insanos, débeis mentais e despreparados”, prometendo em seguida rigor na sua punição e inauguração de modernos centros de treinamento. Nas últimas manifestações populares, sobraram críticas à atuação da polícia: ora por omissão, ora por excesso. Em todos os casos, esqueceu-se de questionar quem efetivamente controla e determina as ações desses policiais.
Diversamente do apregoado, contudo, é imperioso destacar que a atividade policial é necessariamente a grande promotora dos Direitos Humanos, reprimindo violações aos direitos fundamentais e garantindo a ordem necessária ao império da liberdade e da