politica na pre escola no brasil
Sônia Kramer
No terceiro capítulo do livro “A política do pré-escolar no Brasil: a arte do disfarce”, Kramer (1982) apresenta a discussão sobre a política de educação pré-escolar no Brasil, partindo do princípio de que o processo de democratização da educação, embora teoricamente garanta a possibilidade de acesso a todas as crianças de zero a seis anos na pré-escola, de fato, esta realidade não se consolida na prática educacional brasileira. A fim de defender seus argumentos, a autora aponta falhas nas políticas da educação pré-escolar brasileira que, por um lado, tem uma concepção compensatória, uma vez que a pré-escola é entendida como um espaço de compensar carências e que, mesmo assim, esse modelo não se efetiva porque a legislação brasileira não torna a educação pré-escolar como um direito obrigatório.
Considerando a situação e o atendimento pré-escolar da criança no Brasil na década de 70, os dados revelam disparidades e uma profunda desigualdade no atendimento à infância, visto que a pré-escola é um privilégio das classes médias e altas e as crianças das classes sociais desfavorecidas são excluídas no modelo educacional. A partir de 1975, quando se proclama a necessidade de atendimento pré-escolar às crianças carentes da rede pública, o que se assiste é um aumento da demanda de matrículas na rede privada, em detrimento dos setores públicos. A rede estadual se isenta de sua participação e ao município é delegada a suposta responsabilidade do aumento do número de vagas, contudo, os recursos financeiros não são destinados às pré-escolas e as verbas insuficientes para atender as crianças. Kramer (1982) denuncia que tal precariedade desvela um contexto político e econômico sob o qual a educação não se encontra entre as prioridades básicas da política.
No âmbito das legislações, a autora examina que na década de 70, a educação pré-escolar passa a ser aceita como uma estratégia da igualdade de oportunidades e os documentos