Politica na idade media
O cristianismo introduziu nos últimos séculos do Império Romano, a idéia de igualdade entre todos os homens, filhos do mesmo Deus, uma noção que contestava implicitamente a escravidão, fundamento social econômico do mundo antigo. Ao tornar-se religião oficial, o cristianismo aliou-se ao poder temporal e admitiu a organização social existente, inclusive à escravidão.
Uma das características das sociedades medievais é o que poderia se chamar de personalização do poder. O detento eventual do poder - o rei cristão medieval, por exemplo - confundia-se com o próprio poder, exercendo-o durante toda a sua vida, como se dele fosse proprietário. Identificando-se com a pessoa de seu depositário, em virtude de qualidades ou privilégios de que estavam excluídos os demais membros da sociedade, o poder personalizado era exercido como se fosse exclusividade (propriedade) dos seus detentores, que dele dispunham sem se submeterem a normas ou instâncias superiores.
Personalizado, identificado com a pessoa que o exercia, em virtude de suas qualidades e privilégios, o poder estava sempre posto em questão, disputado por todos aqueles que julgavam possuir as mesmas credenciais, tornando-se objeto de constante competição. O poder pessoal caracteriza-se pela instabilidade e pela descontinuidade, pois, não tendo outro fundamento além das credenciais e dos títulos daqueles que circunstancialmente o detêm, passa de mão em mão, sendo garantido apenas pela força e pelo prestígio pessoal de seus titulares.
Essa é uma da razão pelas quais a história política da Idade Média é a crônica das guerras de rapina e das pilhagens, que acresciam as terras e as riquezas, das expedições militares que exigiam as terras e as riquezas, e do terror, que, amedrontando os súditos, assegurava a permanência no poder. Identificado ou confundido com pessoa, o poder personalizado era considerado um poder de fato e não de direito, pois sua justificação, ou legitimação, não resultava