Em setembro de 2007, o recém-empossado Primeiro Ministro britâ-nico, Gordon Brown, manifestou o propósito de intensificar as consultas públicas e de realizar "um novo tipo de política" (Brown, 2007). Afirmou que "a política antiga," baseada no "debate restrito entre o que fazem um Estados e o mercado," estava corroendo os serviços públicos, as co-munidades e as famílias. O governo, dizia ele, requer "a maior amplitu-de de talentos," com abrangência que não possa ser comida por divisões político-partidárias. A nova administração, prosseguiu ele, teria COMO Objetivo criar uma "política de objetivos comuns," que haveria de ultra-passar os limites partidários e, por isso mesmo, de incrementar as ações de base dos cidadãos. Nos dias e semanas que se seguiram ao discurso, manifestaram-se líderes oposicionistas, críticos, cabos eleitorais e politi-queiros, e se pôde constatar, sem ironia alguma, que o debate apresentava moços de política partidária ultrapassada. Ainda que de extraordinário titula houvesse, pessoas interessadas em política que não se limitavam * dissecar os últimos pronunciamentos dos "nossos líderes," logo perce-beram que o novo tipo de política proposto por Brown fazia ecoar temas tia história do pensamento político ocidental tão fortemente que se tinha rt Impressão de que o próprio sentido de "novo" estaria comprometido. AANM1, por exemplo, a ideia de que os talentosos deveriam governar para o bem comum tem origem na República de Platão, produzida quatro sé-culos antes de Cristo, documento que se considera a primeira obra de filosofia política na tradição ocidental. E mais, a proposta de ampliar e aprofundar a participação pública na ação política perpassa toda a tra-*Nilo cívico-republicana de pensamento político, a qual tem raízes nos tempos de Roma. Da mesma forma, a questão da relação entre Estado e mercado (livre) tem dominado o pensamento político desde o início dos (MIMOS modernos, quando mais não seta porque o seu desenvolvimento histórico