Poesias capixabas
O CIGARRO – Orlando Cariello
A FUMAÇA – Antenor de Carvalho
A VIDA – Antenor de Carvalho
BOLHAS DE SABÃO – Renato Pacheco
BALADA DA QUE MORREU DE FOME – Renato Pacheco
CANÇÃO DA CRIANÇA SEM DIA – Mário Gurgel
POEMAS – Romulo Augustulo de Oliveira Neves
POR AMOR DE DEUS – Renato Bastos Vieira
ALEIJADINHO DA PRAÇA OITO – Setembrino Pelissari
SURDA REVOLTA – Romulo Salles de Sá
DESEJO DO GAROTO POBRE – Romulo Salles de Sá
MOVIMENTO CULTURAL DOS JOVENS (1932) – Romulo Salles de Sá
O CIGARRO
Orlando Cariello
Na vida incerta de poeta amante, o meu cigarro é gêmeo da saudade; evocando feliz a mocidade, dentre a fumaça azul que baila errante...
Espiral que te elevas adejante, deixa fumaça altiva à humanidade, que meu sofrer contigo se translade e vá beijar o céu que está distante.
Conheces tudo o que minh’alma anseia
E vens de novo me volver tristonho as ilusões de amores que eu tivera.
Fumaça, uma esperança que se alteia, cinzas, reminiscências de algum sonho que morreu no cinzeiro da quimera.
A FUMAÇA
Antenor de Carvalho
Essa fumaça altiva, essa fumaça leve, volúvel, lírica, inspirada, é a alma do poeta apaixonada, que se desprende, e trêmula esvoaça.
Sonho que dura um instante e depois passa.
Sombra das nuvens negras que atiradas no vazio sem fim da madrugada se expande, se avoluma e se adelgaça...
E a fumaça percorre o firmamento, e depois se detém, indefinida, como as sombras de um ídolo de barro.
E quando ela se esvai na asa do vento, as ilusões sepultam minha vida, nas cinzas funerais do meu cigarro.
A VIDA
Antenor de Carvalho
Rasgaram meu balão azul dourado e eu não pude brincar nas noites de São João;
Roubaram meu sapato envernizado e eu não pude ganhar