Poema Semelhança com os deuses
Semelhança
com os Deuses
RICARDO REIS
Da nossa semelhança com os deuses
Por nosso bem tiremos
Julgarmo-nos deidades exiladas
E possuindo a Vida
Por uma autoridade primitiva
E coeva de Jove.
Altivamente donos de nós-mesmos,
Usemos a existência
Como a vila que os deuses nos concedem
Para, esquecer o estio.
Não de outra forma mais apoquentada
Nos vale o esforço usarmos
A existência indecisa e afluente
Fatal do rio escuro.
Como acima dos deuses o Destino
É calmo e inexorável,
Acima de nós-mesmos construamos
Um fado voluntário
Que quando nos oprima nós sejamos
Esse que nos oprime,
E quando entremos pela noite dentro
Por nosso pé entremos.
Da nossa semelhança com os deuses
Por nosso bem tiremos
Julgarmo-nos deidades* exiladas
E possuindo a Vida
Por uma autoridade primitiva
E coeva* de Jove*.
Segundo o sujeito poético devemos achar-nos divindades, seres superiores que vivem porque Júpiter assim o deseja, sendo esta uma autoridade que existe desde os primórdios e é eterna.
Deidade - Ser divino.
Coevo – Contemporâneo.
Jove – Deusa Júpiter.
Altivamente* donos de nós-mesmos,
Usemos a existência
Como a vila que os deuses nos concedem
Para, esquecer o estio*.
Se queremos ser donos de nós mesmos devemos usar a nossa existência para esquecer a brevidade da vida e a fatalidade da morte, porque os deuses nos permitiram isso (estoicismo).
Levar uma vida pacifica, serena, tranquila, sem sobressaltos (v9 e 10)
Altivamente – de forma superior e soberba.
Estio – Verão.
Não de outra forma mais apoquentada*
Nos vale o esforço usarmos
A existência indecisa e afluente*
Fatal do rio escuro.
Esta parte reforça a ideia do epicurismo e estoicismo, passando a ideia de que não vale a pena lutar contra a inevitabilidade da morte.
Apoquentada - preocupada, incomodada.
Afluente – que flui.
Como acima dos deuses o Destino
É