Poder Social
A primeira característica que deve ser ressaltada quando se menciona o fenômeno do poder é a socialidade, significando que o poder é um fenômeno social, jamais podendo ser explicado apenas pela consideração de fatores individuais.
Outra importante característica que deve ser mencionada é a bilateralidade, indicando que o poder é sempre a correlação de pelo menos duas vontades, havendo uma predominante. Dito isso, vale ressaltar que, para que o poder exista, é necessária a existência de vontades submetidas. Além disso, é possível considerar o poder sobre dois aspectos: como relação – quando isola-se um fenômeno para efeito de análise – ou como processo – quando se estuda a dinâmica do poder. Essas características gerais apresentadas são fundamentais para a questão da necessidade ou desnecessidade do poder social – de substancial importância para as considerações sobre legitimidade e legalidade do poder. Os autores e as teorias que negam a necessidade do poder social podem ser agrupados sob a designação de anarquistas. Para eles, deve-se viver de acordo com a natureza, sem quaisquer preocupações com bens, o respeito às convenções e a submissão às leis ou às instituições sociais. A defesa de uma igualdade entre os homens e a condenação da busca pelo poder levam, inevitavelmente, ao anarquismo, uma vez que é impossível conciliar essas proposições com um sistema hierárquico. É possível identificar um anarquismo inconsciente em diversas doutrinas que defendem a existência de uma autoridade em todo grupo social, mas que, ao mesmo tempo, buscam reduzir sua atuação de tal modo que, se fossem aplicadas sua proposições, o poder social acabaria eliminado. Apesar dos anarquistas, a maioria dos autores reconhece o poder como necessário à vida social, embora variem nas justificativas para isso. Um argumento bastante abordado é o de que o poder sempre existiu – não havendo qualquer documento que sequer indique a existência de um período anárquico na