Poder político e classes sociais
Nicos Poulantzas
As classes, dentro do capitalismo, são composições de uma formação histórica que moldou instrumentos para que elas se institucionalizassem e criassem um pensamento coletivo unitário, tanto no polo proletário quanto no capitalista. Foi no próprio processo de formação do sistema capitalista, na esfera econômica, que se modulou o pensamento de classe, baseado no antagonismo da estrutura econômica. Existem três níveis em que se enfrentam as classes, e esses são também os níveis que constituem tais classes: o ideológico, o político e o econômico. No modo capitalista de produção puro, o econômico assume papel dominante. O elemento central na construção do conceito marxista de classe é a determinação econômica das classes sociais, mas que sozinha não é suficiente para tal. Distingue-se a esfera econômica da política no âmbito da luta e dos interesses de classe, começando pela luta indivíduo-agente de produção (essa ainda não exatamente definida como relação de classe).Mas na medida da progressão dos choques, esses vão tomando um caráter próprio de luta de classes. Pelo raciocínio marxista, o proletariado ganha a força da coligação, conseguida a partir da luta de classes, que foi iniciada desde o momento do seu surgimento e desenvolvida com a progressão das colisões entre os dois polos. Essa coligação será pressuposto para alavancar as pretensões políticas do grupo, já que, continuando no raciocínio marxista, ele só existe como classe enquanto se organiza em partido distinto. Há, portanto, uma diferença entre a visão do capital e a visão do própria classe trabalhadora sobre o funcionamento desta última. Para o capital, a partir do momento em que uma massa de indivíduos está simplesmente reunida num mesmo tipo de atividade, ela já passa a ter uma série de interesses em comum, e isso já basta para que seja uma classe face a ele. Já para a própria classe, para si, ela só entra em