Délcio Sales
‘Quando fundamos na Alemanha um grande jornal, nossa bandeira só podia ser , portanto, a bandeira da democracia : mas de uma democracia que destacava sempre , em cada caso concreto, o caráter especificamente proictário que ainda não podia estampar, definitivamente , em seu estandarte.’ Friedrich Engles
A Democracia e a Ciência Política
Muitas obras recentes sobre o nosso tema propõem aos leitores vastos repertórios de acepções em que o termo democracia vem sendo utilizado, da Grécia antiga até os nossos dias. O que não é o objetivo do livro chegar a essa conclusão como os demais. Esclareça-se: é sempre útil, de um ponto de vista científico, tratar o tema da democracia do ângulo da história das ideias políticas. Compete ao cientista político definir democracia de tal modo que esse termo possa ser utilizado, pelos que escrevem a história das sociedades humanas concretas, para registrar diferenças políticas entre as mesmas. Propondo uma definição clara e precisa de democracia, o cientista político fornece ao historiador um instrumento de classificação política das sociedades humanas concretas. Antes de passar à execução dessa tarefa, o cientista político deve, entretanto, ouvir o que lhe diz o estudioso da história das ideias políticas. Todos esses elementos (etimologia, história do conceito, usos socialmente difundidos da expressão) devem ser levados em conta pelo cientista político, no seu trabalho de propor uma definição de democracia. Não pode redefinir de modo Arbitrário e totalmente livre a expressão. Levar em conta a tradição intelectual e política não significa, entretanto, repetir pura simplesmente as acepções de democracia dominantes nos campos da vida intelectual e da vida política. A Tradição intelectual e política é a matéria-prima sobre o qual o cientista político trabalha, com vistas a obter um novo produto: um conceito de democracia que se harmonize com os demais conceitos integrantes de uma teoria política.
A Teoria