pobreza no brasil imperial
Maria da Penha Smarzaro Siqueira
Introdução
A reflexão sobre as questões que envolvem entendimentos diversos sobre a pobreza e a desigualdade social, na perspectiva de nossa pesquisa, inscreve-se em um projeto maior, desenvolvido no Programa de Mestrado em História Social das Relações Políticas da Universidade Federal do Espírito Santo, na linha de pesquisa “Estado e Políticas Públicas”, e tem como foco a questão social na perspectiva histórica da modernidade, abrindo frentes de estudos temáticos voltados, principalmente, à História Regional, priorizando as fontes primárias do valioso acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo.
Tema de grande expressão no fórum de debates sociais e políticos, a pobreza e suas representações se incluem num complexo universo social, econômico, cultural e político, aliadas às questões teóricas e conceituais. Nesse contexto, identificamos as referências iniciais sobre a pobreza no Brasil colonial, no ideário da construção ideológica cristã que se estruturava na caridade, e na expressão dos princípios da desigualdade social, noções que vão percorrer tempos históricos posteriores.
Inerente à organização da sociedade colonial, desenvolvem-se as atividades das Ordens Mendicantes e da Misericórdia, tendo, como representação maior, a Santa Casa da Misericórdia, que em Vitória (locus da pesquisa) foi de fundamental importância nas funções sociais da cidade.
A modernidade e o ideário do projeto colonizador
Na perspectiva da evolução histórica, a modernidade representa um processo complexo de mudanças direcionadas a distintas dimensões. Inicialmente, o tema nos reporta ao projeto sociocultural europeu nascido em meados do século XVI, que se consolida com o Iluminismo no século XVIII. Tempo marcado pela emergência do capitalismo, enquanto modo de produção dominante nos países europeus, com bases na fase inicial da