Pneumotórax

O poeta Manuel Bandeira escreveu o poema Pneumotórax, baseado em muito do seu caráter autobiográfico. Logo de inicio o autor faz questão de chamar a atenção no título do poema: Pneumotórax (acúmulo anormal de ar entre o pulmão e uma membrana (pleura) que reveste internamente a parede do tórax. Este espaço, que normalmente é virtual, se chama espaço pleural.), causando curiosidade e questionamento sobre o poema e o que se tem por vir em um poema com um nome tão diferente. Vemos nesse poema a possibilidade "de liberdade de criação, com relação à obrigatoriedade convencional, anteriormente dominante, dos temas considerados de antemão poéticos" (ARRIGUCCI JR., 1992, p. 53)[2].
Quem conhece sua historia a partir do título talvez pudesse prever o que seria o poema, já que o poeta sofreu de tuberculose e problemas respiratórios, chegando a ser desenganado pelos médicos, com a superação das dificuldades venceu sua doença. E em forma de poema traduziu um pouco de seu sofrimento, usando de uma linguagem moderna onde por mais que quem leia o poema não fosse capaz de entender termos médicos seria capaz de perceber a dor da doença refletida e ironizada em suas palavras.
Podemos notar nesse poema os recursos modernistas empregados pelo escritor, onde as tendências propostas eram a desorganização consciente da arte, e refletiam a vida em sociedade. Esse poema mistura coloquialismo, humor negro e auto ironia, a presença do dramático e o auto formalismo. Ironiza a descoberta de sua doença que era a tuberculose e satiriza o momento mais trágico de sua vida. A marcação teatral fica por conta do diálogo, o que seria de mau gosto e pouco praticável na poesia anterior ao Modernismo. O tom pessimista será quebrado pela ironia do último verso.
Características do poema Pneumotórax: insatisfação e inquietação como resposta às contradições da época: I - A maior parte do poema, é construída sob forma de diálogos; “(...) — Diga trinta e três. — Trinta e três... trinta e três...