Os gregos antigos inventaram a democracia, a noção de cidadania e foram os primeiros a sentir e expor a necessidade de ultrapassar o terreno das meras opiniões, os ensinamentos dos mitos e as crenças supersticiosas. Propuseram-se a atingir um conhecimento verdadeiro, um saber efetivamente científico. Nessa busca, Platão, que cria sua Academia em 387 a.C. em Atenas, tem papel fundamental. Apura a dialética socrática para torná-la apta a desenvolver um saber sistemático, capaz de se alçar do sensível para o inteligível, o mundo das idéias. Sua influência, uma das mais profundas da história do pensamento, ainda hoje encontra-se no horizonte de toda investigação teórica. O interesse de Platão pelos assuntos políticos decorria, em parte, de circunstâncias de sua vida. Mas era também uma atitude compreensível num grego de seu tempo. Sua obra filosófica representa, em vários aspectos, a expansão de um pensamento alimentado pelo clima de liberdade e de apogeu político. Em geral ele manifesta desapreço pelos políticos de seu tempo, ele o faz como alguém que viveu nos bastidores das encenações políticas desde a infância. Suas críticas à democracia ateniense pressupunham um conhecimento direto das manobras políticas e de seus verdadeiros motivos. Ele desenvolverá, na fase inicial de sua filosofia, teses que tendem a sustentar a realidade no intemporal e no estático. Só posteriormente seu pensamento irá reabilitar e reabsorver o movimento e a transformação, tentando estabelecer a síntese entre a tradição eleática (que negava a racionalidade de qualquer mudança) e a heraclítica (que afirmava o fluxo contínuo de todas as coisas). Para Platão a política não se limita à prática, insegura e circunstancial. Deve pressupor a investigação sistemática dos fundamentos da conduta humana, como Sócrates ensinara. Porém, suas últimas bases não se limitariam ao plano psicológico e ético: os fundamentos da ação requerem uma explicação global da realidade, na qual