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O interesse de Platão pelos assuntos políticos decorria, em parte, de circunstâncias de sua vida; mas também era uma atitude compreensível num grego de seu tempo. Toda a vida cultural da Grécia antiga desenvolveu-se estreitamente vinculada aos acontecimentos da cidade-estado, a polis. Essa vinculação resultava fundamentalmente da organização política constituída por uma constelação de cidades-Estado fortemente ciosas de suas peculiaridades, de suas tradições, de seus deuses e heróis. A própria dimensão da cidade-Estado impunha, de saída, grande solidariedade entre seus habitantes, facilitando a ação coercitiva dos padrões de conduta; e, ao mesmo tempo, propiciava à polis o desenvolvimento de uma fisionomia particular, inconfundível, que era o orgulho e o patrimônio comum de seus cidadãos. O fenômeno geográfico e o político associavam-se de tal modo que, na língua grega, “polis” era, ao mesmo tempo, uma expressão geográfica e uma expressão política, designando tanto o lugar da cidade quanto a população submetida à mesma soberania. Compreende-se, assim, por que um grego antigo pensava a si mesmo antes de tudo como um cidadão ou como um “animal político”.
Essa ligação estreita entre o home grego e a polis transparece na vida e no pensamento dos filósofos. Já Tales de Mileto (século VI a.C.), segundo o historiador Heródoto, teria desempenhado importante papel na política de seu tempo, tentando induzir os gregos da Jônia a se unirem numa federação e, assim, poderem oferecer resistência à ameaça persa que se configurava. Desse modo, com Tales – que a tgradição considera o ponto inicial da investigação científico0filosófica ocidental –