Plasticidade Cerebral e Dislexia
A neurociência tem estudado cada vez mais o cérebro, através de pesquisas utilizando neuroimagens, mostrando o seu funcionamento. Um dos pontos de destaque nestes estudos desde a década de 1980 é a plasticidade cerebral, que até então tinha sido considerada existente somente em cérebros em desenvolvimento, mas não em adultos, o que foi refutado por essas pesquisas, demonstrando que a plasticidade cerebral está presente em todas as fases da vida, inclusive no envelhecimento. Neste trabalho a plasticidade cerebral é enfatizada no processo de uma intervenção de orientação e correção da dislexia, por um método específico, chamado Método Davis, cujo criador é Ronald Davis.
Para fazermos uma relação entre plasticidade cerebral e dislexia, primeiramente é necessário fazer uma abordagem conceitual sobre esses temas. Segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), entre 5% e 17% da população mundial é disléxica. A dislexia não é apenas um distúrbio de leitura e escrita, embora seus sintomas apareçam mais claramente na fase escolar. A primeira definição foi proposta por Orton na década de 1930, que julgava ser a dislexia ser proveniente de falhas no hemisfério esquerdo do cérebro, na função da linguagem.
“A dislexia é uma dificuldade que ocorre no processo de leitura, escrita, soletração e ortografia. Não é uma doença, mas um distúrbio com uma série de características. Torna-se evidente na época de alfabetização, embora alguns sintomas já estejam presentes em fases anteriores. Apesar de instrução convencional, inteligência adequada, oportunidade sociocultural e ausência de distúrbios cognitivos fundamentais, a criança disléxica falha no processo de aquisição de linguagem. A dislexia independe de causas intelectuais, emocionais e culturais. Há uma discrepância inesperada entre o seu potencial para aprender e seu desempenho escolar. É hereditária e a maior incidência é em meninos na proporção de três para um” (Jardini,