Plano Real

PLANO IRREAL

Segundo o teórico Marshall McLuhan, os meios de comunicação são uma extensão do homem. A cada novo movimento tecnológico o homem tem sua percepção alterada.
No início do cinema, a câmera era posicionada de forma a captar o mesmo ângulo visto pelo espectador de um teatro. Com o tempo, passou-se a explorar novas formas de enquadramento, o que causou incômodo no público. Hoje o posicionamento da câmera já não segue uma regra, mas ainda sim prevalece o olhar humano.
A câmera ainda é muitas vezes vista como uma máquina que o homem criou para registrar, guardar o que vê e escuta. Milhares de vídeos são feitos sobre o dia-a-dia, a realidade e até mesmo com uma intenção voyerista.
Mas a câmera não se limita aos sentidos humanos. Ela é capaz de captar formas que vão além de nossos sentidos. O avanço tecnológico nos deu acesso a novas possibilidades de percepção: olhar para lugares onde não cabem olhos e ouvidos é uma delas.
É esta visão que buscamos explorar em nosso trabalho: colocar a câmera em ambientes nunca observados em sua forma mais contínua e útil. Por exemplo, o interior de um armário fechado, um forno, uma geladeira e até mesmo uma máquina de lavar roupas. Além disso, também será utilizado o som como unidade integrante para alcançar tal objetivo.
O som quando submetido a locais fechados altera suas propriedades sonoras, como por exemplo, o fato de reverberar em determinadas circunstâncias. Portanto, para este trabalho utilizamos de sons experimentais e de ritmo descontínuo, assim trazemos ao expectador uma realidade diferente daquela que normalmente é construída nos conteúdos audiovisuais. Incluímos os fatores descontinuidade e instabilidade como uma nova maneira de se sonorizar o conteúdo visual a partir de sons dissonantes e de quebras abruptas de melodia, além do ritmo que se modifica constantemente.