Plano de Marketing

Sérgio Buarque de Holanda baseia sua obra Raízes do Brasil em uma forte hipótese: os portugueses eram os mais bem preparados - embora eles mesmos não tivessem plena consciência disso - para efetuar a conquista dos trópicos em benefício da civilização. Nisso residia sua missão histórica essencial, da qual eles eram os portadores naturais.
Esse caráter natural, ou da necessidade natural dessa conquista é sublinhado por SBH, que insiste no fato de que ela tenha sido realizada, mesmo apesar dos seus atores. Não se poderia insistir de forma mais incisiva do que esta, a respeito da ideia de uma necessidade histórica, que tentaremos examinar nas reflexões que se seguem.
Se SBH aceita considerar que essa colonização se tenha dado com muitas e sérias falhas, ele não vai ao encontro daqueles que lamentam o insucesso da experiência da colonização holandesa. Segundo tais detratores da colonização portuguesa, a falência dos holandeses no Brasil impediu que este fosse conduzido a um destino mais glorioso.
Essa aparição do contraponto holandês, desde o início, não se dá por acaso. Ela vai permitir dar corpo a uma oposição constitutiva do arrazoado desenvolvido ao longo de toda a obra: aquele entre o tipo do aventureiro ibérico e o do trabalhador nórdico.
Quando SBH fala da existência de uma ética do aventureiro, tal como se fala, habitualmente, de uma ética do trabalho, quando designa o aventureiro e o trabalhador como tipos sociopsicológicos, construções intelectuais que não são encontradas na realidade histórica, mas que ajudam a pensar, imagina-se, imediatamente, que ele se inspira na obra de Max Weber e em sua metodologia do tipo ideal , desenvolvida na obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.
Todas essas considerações, como sublinha Sandra Jatahy Pesavento, reenviam, com efeito, às leituras que fez SBH na Alemanha alguns anos antes de publicar Raízes do Brasil. (...) O que surpreende, desde logo, é que a referência teórica e bibliográfica