Plano collor
Na primeira metade da década de 80 a equipe econômica brasileira utilizou de políticas ortodoxas, as quais puderam promover o ajustamento externo, mas não evitaram uma escala crescente de inflação. Uma inflação que resistia a pressões recessivas e parecia apoiar-se unicamente na dinâmica da inércia inflacionária. Os dois grandes saltos inflacionários ocorreram em 79, com o segundo choque do petróleo e a política interna de fixação de preços, e em 83, mediante à maxidesvalorização do cruzeiro. Tendo-se que em 84 contávamos com uma inflação inercial e um grande temor de que a situação se agravasse, foram apresentadas 2 propostas para tal situação: a de introduzir uma nova moeda, indexada, que circularia paralelamente com o cruzeiro, e a de aplicar um congelamento de preços e salários em níveis consistentes com o status quo da distribuição de renda e a desindexação generalizada da economia.
Inflação inercial e conflito distributivo: As análises econômicas do período em estudo apontavam sempre para a existência de uma inflação inercial, ou seja, uma inflação onde os mecanismos de indexação tenderiam a propagar a inflação passada para o futuro. Isso provocava uma série de conseqüências, dentre elas, as oscilações do salário real. De acordo com uma interpretação estilizada do processo inflacionário brasileiro, o salário real dependeria exclusivamente do padrão de distribuição de renda, que seria rígido no curto prazo. Mudanças na regra de indexação afetariam apenas a taxa de inflação, não alterando o nível do salário real. Um choque de oferta causaria apenas uma constante elevação da taxa de inflação e constante queda no salário real, o que chamamos de conflito distributivo de rendas. Atualmente, sabemos que a inflação inercial vivida da época poderia ter sido eliminada com fixação de preços relativos com base nos preços médios e a supressão dos mecanismos de indexação que atrelavam a inflação futura à