Plano collor
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Indicadores Econômicos FEE, 18 (2): 55-61. Porto
Alegre, agosto 1990.
O Plano Collor, como anteriormente o Plano Cruzado e o Plano Verão, ambicionou liquidar com a inflação de um só golpe. Está claro neste momento, três meses depois de editado o plano, que esse objetivo não foi alcançado: inflação e provavelmente recessão estão de volta.
Este é o quarto plano de estabilização que, nos últimos cinco anos, não logrou controlar a inflação. Todos os planos, exceto o de 1987, caracterizado como um plano de emergência, pretenderam zerar a inflação. Seu fracasso em alcançar esse objetivo - o Plano
Cruzado terminando em uma crise econômica e financeira aguda e o Plano Verão na hiperinflação - levou os autores do Plano Collor a adotar um plano mais abrangente e radical.
Ao congelamento de preços adicionaram a retenção inicial de 70 por cento dos ativos financeiros do setor privado. E prometeram um forte ajuste fiscal, de forma a alcançar um superávit público, e uma política decidida de liberalização comercial.
Não obstante essas medidas, dois meses depois de editado (há um mês, portanto) já estava claro que a inflação estava de volta. As informações mais recentes apenas confirmaram esta observação. O índice de ponta a ponta do FIPE - o único apurado - foi de 3,29 por cento de abril e superior a 6 por cento em maio. Deverá continuar subindo em junho, conforme foi possível ver pelo comportamento dos preços nas duas primeiras semanas do mês. Por outro lado, os índices de média contra média, que inicialmente caíram mais lentamente do que cairia um índice de ponta a ponta devido à existência de um resíduo inflacionário, já
começaram a subir. Este fenômeno pode ser claramente observado pela evolução do índice quadrissemanal de preços do FIPE (Tabela 1).
Tabela 1. Inflação Quadrissemanal (%)
12
11,77
10
8,54
8
Var
%
7,93
8,53
9,11
6
4
2
0
1a. Mai
2a.