PLANETA FAVELA
PLANETA FAVELA de Mike Davis. São Paulo: Boitempo, 2006.
Resenha CIDADE OU FAVELA?
| por Danielle Klintowitz, Raquel Rolnik
Arquiteta urbanista | Mestranda em Urbanismo | Programa de Pós-Graduação em Urbanismo CEATEC PUC-Campinas | arquiteturas@klintowitz.arq.br
Professora doutora | Secretária Nacional de Programas Urbanos – Ministério das Cidades | Programa de Pós-Graduação em Urbanismo CEATEC PUCCampinas | rrolnik@terra.com.br
CIDADE OU FAVELA?
“Favela, semifavela e superfavela… a isso chegou a evolução das cidades.” Com essa citação de Patrick Geddes (p.9), epígrafe impressa sobre uma folha em branco, inicia-se o livro
Planeta favela, de Mike Davis. Essa afirmação estabelece, desde o início do texto, o tom que se estenderá até as últimas páginas, trazendo à tona o que raramente aparece como tema do urbanismo contemporâneo: a constatação de que a maior parte do território urbanizado do planeta é constituída por assentamentos que não podemos chamar de cidades.
Por isso, Planeta favela não é exatamente um livro sobre cidades. É um livro sobre como a recente história política e econômica foi capaz de transformar drasticamente o destino da população, principalmente nos países da América Latina, na África, na Ásia e no Leste Europeu, urbanizando a pobreza: segundo dados do UN-Habitat nele citados, a população das favelas no mundo cresce na base de 25 milhões de pessoas por ano, e as taxas mais altas de urbanização são verificadas justamente nos países mais pobres.
Relacionando narrativas de histórias cotidianas da miséria a dados meticulosamente recolhidos, o autor dá visibilidade ao tema da pobreza urbana sem romantizá-lo ou estetizá-lo. Davis discorre sobre fatos e indicadores concretos, fala sobre a realidade, sem se permitir desviar seu percurso pelo terreno da abstração conceitual. Nesse caminho, reúne uma incrível e numerosa massa de dados que revelam realidades desastrosas.
Aqui cabe uma observação, já