Pitoresco e Sublime
Dizer que uma coisa é bela é um juízo; a coisa não é bela em si, mas no juízo que a define como tal. O belo já não é o objetivo, mas subjetivo: o “belo romântico” é justamente o belo subjetivo, característico, mutável, contraposto ao
“belo clássico” objetivo, universal, imutável. O pensamento do Iluminismo não considera a natureza como uma forma ou figura criada de modo definitivo e sempre igual a si mesma, que se pode apenas representar ou imitar. A natureza que os homens percebem com os sentidos, apreendem com o intelecto, modificam com o agir. É uma realidade interiorizada que tem na mente todos seus possíveis desenvolvimentos, mesmo de ordem moral.
O “pitoresco” é uma qualidade que repercute na natureza pelo “gosto” dos pintores, e especialmente dos pintores do período Barroco. Foi um pintor e tratadista, Alexander Cozens, que o teorizou, preocupado em dar à pintura inglesa do século XVIII, predominantemente retratista, uma escola de paisagistas. Seus fundamentos são: 1) a natureza é uma fonte de estímulos a que correspondem sensações que o artista esclarece e transmite; 2) as sensações visuais se apresentam como manchas mais claras, mais escuras, variegadamente coloridas, e não num esquema geométrico como o da perspectiva clássica; 3) o dado sensorial é naturalmente comum a todos, mas o artista elabora com sua técnica mental e manual, e assim orienta a experiência que as pessoas têm do mundo, ensinando a coordenar as sensações e emoções, e também atendendo com o paisagismo à função educativa que o Iluminismo setecentista atribuía aos artistas;
4) o ensino não consiste em decifrar nas manchas imprecisas a noção do objetivo a que correspondem mas em esclarecer o significado do valor da sensação, tendo em vista uma experiência particularista do real; 5) o valor que os artistas buscam é a variedade: a variedade das aparências dá um sentido à natureza tal como a variedade dos casos humanos dá à vida; 6) não se busca mais o universal do