Pinoquio as avessas
Rubens Alves, autor do livro Pinóquio às avessas, expressa de maneira muito clara a epistemologia empirista, ou “pedagogia diretiva”.
Felipe, o personagem principal do livro, vive desde sua primeira infância, em um ambiente empirista. Seus pais, com o sonho de ver o filho com um futuro brilhante, transmitem a ele uma visão de mundo assim como aquela que receberam de seus pais, uma visão de mundo imposta pela sociedade e pela cultura.
Felipe, um menino cheio de sonhos, imaginação e curiosidades, vai desvendando o mundo, e descobrindo que a forma como ele quer ver o mundo é “errada”, não segue os “trilhos tradicionais” , percebe que existe um sistema onde ele deve se encaixar.
Vivendo dentro deste sistema, ele troca seu sonho por um mais adequado, segue os trilhos, estuda, passa no vestibular, faz uma boa formação e descobre que se tornou um “robozinho” com uma classificação, sem seu próprio nome ou identidade, e sim com o rotulo de sua profissão. Torna-se bem sucedido conforme os planos dos pais, e descobre que é infeliz. Que perdeu sua “essência”, que abandonou seus sonhos, vivendo como a sociedade quer que ele viva.
A grande critica ilustrada por Rubens Alves, mostra o quanto nós estamos, ou melhor, nos tornamos “marionetes” do sistema, somos robozinhos manipulados, como por muitas vezes agimos como se de fato fossemos “tabula rasa”, onde existe apenas um conhecimento e este que deve ser passado, sem ser pensado ou refletido; e é dessa forma que transmitimos o mundo as crianças. Felipe, um adulto em miniatura não deve pensar, questionar, deve ouvir e fazer tudo conforme as regras já existentes, tudo conforme o sistema já definiu.
Aprendemos e ensinamos a pensar e viver “dentro da caixinha”, sem questionar, sem refletir, sem construir nossa própria identidade, e assim vamos construindo um mundo onde a população encontra-se com um número cada vez maior de pessoas insatisfeitas