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Nas artes o Renascimento se caracterizou, em linhas muito gerais, pela inspiração nos antigos gregos e romanos, e pela concepção de arte como uma imitação da natureza, tendo o homem nesse panorama um lugar privilegiado. Mas mais do que uma imitação, a natureza devia, a fim de ser bem representada, passar por uma tradução que a organizava sob uma óptica racional e matemática, num período marcado por uma matematização de todos os fenômenos naturais. Na pintura a maior conquista da busca por esse "naturalismo organizado" foi a recuperação da perspectiva, representando a paisagem, as arquiteturas e o ser humano através de relações essencialmente geométricas e criando uma eficiente impressão de espaço tridimensional; na música foi a consolidação do sistema tonal, possibilitando uma ilustração mais convincente das emoções e do movimento; na arquitetura foi a redução das construções para uma dimensão mais humana, abandonando-se as alturas transcendentais das catedrais góticas; na literatura, a introdução de um personagem que estruturava em torno de si a narrativa e mimetizava até onde possível a noção de sujeito.
Pintura
Sucintamente, a contribuição maior da pintura do Renascimento foi sua nova maneira de representar a natureza, através de domínio tal sobre a técnica pictórica e a perspectiva, que foi capaz de criar uma eficiente ilusão de espaço tridimensional em uma superfície plana. Tal conquista significou um afastamento radical em relação ao sistema medieval de representação, com sua estaticidade, seu espaço sem profundidade e seu sistema de proporções simbólico - onde os personagens maiores tinham maior importância numa escala que ia do homem até Deus - estabelecendo um novo parâmetro, cujo fundamento era matemático, na hierarquia teológica medieval. A linguagem visual formulada pelos pintores renascentistas foi tão bem sucedida que permanece válida até hoje.
O cânone greco-romano de proporções voltava a determinar a construção da