Pi e o Pensamento Moderno
O filme Pi de 1998 dirigido por Darren Aronofsky, considerado um ‘thriller matemático” gera enorme desconforto por conta dos estímulos sonoros e visuais contidos na obra, como o telefone tocando, os gritos do protagonista, os zooms bruscos em diversas cenas, além da repetição de frases e comportamentos da personagem. O filme mostra Max, um matemático transtornado que procura por um padrão no número de Pi, e assim, ele acaba por desenvolver uma obsessão por esse padrão e molda sua vida entorno disso, transformando a narrativa em uma história que não sai do lugar.
Max tenta formular um conhecimento a partir de números e equações, nos remetendo ao positivismo, ou seja, na procura da explicação de coisas presentes e práticas na vida do homem através da observação. Quando Max encontra o bug na sequência do número 216, nos faz pensar sobre a possibilidade de um conhecimento ser verdadeiro se mais de uma pessoa chegar a ele, teoria também vista no método positivista. No filme temos uma ideia de que tudo que ocorre no dia a dia deve ser visto como um emaranhado de números, tudo aquilo que existe é uma combinação de fatores numéricos, nos remetendo à outra corrente filosófica, o racionalismo.
Parafraseando uma das frases dita repetidas vezes por Max: “Anotação pessoal. Quando eu era criança, minha mãe disse para não olhar para o sol. Mas quando eu tinha seis anos, olhei. Os médicos não sabiam se eu voltaria a enxergar. Fiquei apavorado, sozinho naquela escuridão. Devagar, a luz do dia penetrou através das ataduras e consegui ver, mas algo mudara dentro de mim, naquele dia tive minha primeira dor de cabeça...” , temos uma ideia de cegueira temporária causada por uma forte iluminação, que logo se dissipa mas deixa como sequela uma dor. Quando refletimos um pouco sobre esse estado de Max, ele nos lembra do Mito da Caverna, de Platão, onde se é necessário um forte choque de realidade para mudarmos nossa concepção acerca da