A violência doméstica contra a mulher é considerada um sério problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Estudos realizados com agressores conjugais parecem ser fundamentais para a compreensão desse tipo de violência tão frequente nos dias de hoje. Esta Tese tem como objetivo principal investigar características da história de vida e de personalidade de homens que perpetraram violência contra a mulher, detidos no Presídio Central de Porto Alegre. É composta por três seções: uma teórica e duas empíricas. A primeira seção é de cunho teórico e teve o objetivo de buscar subsídios para auxiliar na compreensão da influência de acontecimentos traumáticos durante a infância na forma de se relacionar e de controlar (ou não) a livre expressão da agressividade (pulsão de morte) na vida amorosa adulta. O conceito de narcisismo, como processo organizador ou desestruturante do psiquismo, foi utilizado para auxiliar na compreensão do funcionamento psicológico do agressor conjugal. A segunda seção, empírica (desenvolvida a partir de pressupostos metodológicos qualitativos), apresenta o estudo que responde ao projeto de pesquisa e que foi realizado com a participação de três homens (agressores conjugais). Todos os homens responderam a uma Ficha de Dados Pessoais e Sociodemográficos, a Entrevista MINI, ao Método de Rorschach e a uma série de três entrevistas semiestruturadas norteadas por três grandes eixos, respectivamente: a) a história de vida do participante; b) as escolhas conjugais e a presença da violência nos relacionamentos amorosos e c) a situação atual de cárcere como consequência da violência cometida. Os achados foram examinados pelo método da Análise Interpretativa e embasados nos pressupostos da teoria psicanalítica.Foram identificadas três asserções: a) o desamparo e a violência como marcas na história de vida e na constituição psíquica de agressores conjugais; b) a escolha conjugal e o exercício da violência como manifestações da falha narcísica e c) a Lei