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ALGUMAS REFLEXÕES A RESPEITO DE DISCURSOS NOS CFC’s
Pratico uma espécie de ficção histórica. De certa maneira, sei muito bem que aquilo que digo não é verdade (...) Procuro provocar uma interferência entre nossa realidade e o que sabemos de nossa história passada. Se tenho sucesso, essa interferência produzirá reais efeitos em nossa história presente. Minha esperança é que meus livros tomem a sua verdade uma vez escritos, e não antes.
Michel Foucault1
Propor refletir sobre discursos que circulam nos CFC`s significa, precipuamente, mas não de maneira exclusiva, pensar nas relações institucionais que constituem esses centros. Antes que a possível incauta idéia da instituição autônoma possa flertar conosco, cumpre arrazoarmos as razões pelas quais tal pensamento não merece prosperar. Não foi por acaso que nas linhas pretéritas, dissemos que a instituição CFC é um lugar privilegiado de discurso sobre trânsito, afinal não foi sem muito sacrifício que nos capítulos anteriores tentamos tecer um conjunto de argumentos que se enveredassem pela proposta da interdiscursividade2.
Movidos por essa proposta, escrevemos que, entre diversas instituições, a publicidade, o Direito, o saber popular, a Psicologia etc. se apresentam, por meio de diversos discursos, nas aulas nos referidos centros. Assumir essa idéia, à primeira vista premonitória, significa aceitarmos a proposta de que o discurso é, sobretudo, interdiscurso3. Essa afirmação, mesmo que tenha se tornado regular em Análise do Discurso, deve receber uma analise mais cuidadosa sob o risco de tornar-se um lugar comum que, pelo uso desmesurado, pode esgotar as possibilidades de complementações e refutações a esse respeito, pois acreditamos que a interdiscursividade deve ser quotidianamente repensada e trabalhada, pensando o perigo de esse conceito tornar-se lugar vazio.
Se o discurso se forma também pelo interdiscurso propomos que ele deva ser pensado em termos de argumentação. Produzir discurso