perfil da mulher
1. Séculos XII e XIII:
A sociedade medieval nutriu um desprezo generalizado pelas mulheres. Boa parte dos teólogos e moralistas, conforme José Rivair Macedo...”baseavam-se na regra segundo a qual as mulheres levavam o homem à danação. Eram consideradas perigosas, frágeis, astuciosas, encrenqueiras, inconstantes, infiéis e fúteis; sensuais, representavam obstáculo à retidão do sexo masculino...” (MACEDO, 1990: 44). Todavia, no que toca à literatura, o perfil da mulher foi idealizado.
A Estilização da Mulher nos Poemas Trovadorescos
Surgiu no Ocidente entre os séculos XII e XIII, uma cultura refinada e cortês, essencialmente aristocrática, por isso era cantada pelos trovadores nas reuniões habituais dos castelos. O “amor cortês”, presente no mais refinado gênero do trovadorismo provençal integrou a mulher no jogo intelectual dos poetas. Nos seus poemas o amor aparece como tema central. Segundo José Rivair Macedo “ O ideal da cortesia, valor integrado no novo código de ética da nobreza, colocou às mulheres em evidência. Um tempo novo designava a mulher nobre: dama” (MACEDO, 1990:49 ).
Assim, a mulher é vista como uma dama da corte, personificada pelos trovadores. Ela foi estilizada pelos poetas que lhe atribuíam uma posição de superioridade em relação ao homem que a ama. Portanto, o poeta canta a mulher distante, inacessível, inatingível. Revela-se, pois, uma estreita relação entre a teoria do amor cortês e o sistema feudal. O trovador serve a sua dona como o vassalo serve o suserano, com diligência e fidelidade: vassalagem amorosa.
A figura feminina, cantada pelo trovador, pertence à nobreza, é casada e tem uma posição social reconhecida, razão pela qual os galanteios a ela dirigidos se pautavam pelo código do amor cortês. Dessa forma, o trovador estava adstrito a certos limites de moderação. O convencionalismo impedia-o de gritar sua paixão. A esta espécie de válvula de segurança do afeto amoroso