Pequenos gestos
Constitui um dos principais objectivos do governo da República de Moçambique, promover o processo de alfabetização de tal forma que qualquer cidadão moçambicano tenha o conhecimento básico da Língua Portuguesa: língua Oficial da República de Moçambique. Porém, de acordo com o último recenseamento geral da população estima-se que haja em Moçambique cerca de 22 milhões de habitantes, distribuídos do norte ao sul do país.
Moçambique é um país economicamente instável e consequentemente dependente das ajudas externas que lhe são alocadas por países amigos, e que na sua maior parte têm por objectivos desenvolver projectos de natureza social para a melhoria das condições de vida da população local.
Para que Moçambique consiga garantir uma alta taxa de alfabetização necessita de quadros formados, estruturas e sobretudo dos meios através dos quais se poderá implementar o processo de alfabetização, quer seja nas cidades, quer nas zonas rurais.
Em 1996 frequentei a Escola Primária Avenida das FPLM, localizada nos arredores da cidade de Maputo. Havia na altura uma grande procura de material escolar, dadas as dificuldades do governo local em fornecer o respectivo material.
A escassez de material escolar começava desde o lápis de minas HB que na altura tinha um custo unitário de um metical (aproximadamente dois cêntimos), até ao caderno de exercícios (10 cêntimos). A pobreza era tanta que nenhum encarregado de educação dispunha de condições económicas que lhes permitissem comprar um livro ou manual básico de leituras da disciplina de língua portuguesa. O que mais chamava atenção era a forma como as crianças disputavam para poder ler uma simples crónica aconselhada pelo professor.
Certamente que o grande problema do atraso no domínio da leitura focalizava-se no facto de algumas crianças não poderem praticar a leitura nas suas próprias casas devido a falta de manuais.
Os livros não educam um ser humano, mas proporcionam uma envolvente psicotécnica que