Pensar o corpo Biografia
O pensamento médico evoluiu progressivamente até hoje para uma racionalidade e uma objetividade crescentes que, doravante, deixaram de lado as miragens das intervenções sobrenaturais, tratando dos doentes à observação da lesão, da escuta do paciente a analise de sintomas. Porém dificilmente o médico se familiariza com a concepção de um corpo em situação. Quando acontece uma desordem na “máquina”, ele é chamado para descobri-la e tem o dever de restaurar a estrutura e a função, seja por meios químicos, ou pela intervenção cirúrgica. O conhecimento fundado essencialmente no critério modalizável da realidade do corpo, marcado pela subjetividade das experiências qualitativas, muito mais do que quantitativas de cada individuo, pois “a medicina modula a própria maneira pela qual a experiência toma forma, ela condiciona a própria realidade” (Engelhalrt, 1986:157) e tem o poder de influenciar nossa experiência do corpo.
O corpo como instituição simbólica: a experiência da doença e o corpo-sujeito
O corpo é ao mesmo tempo o corpo que temos e o corpo que somos; uma coisa, mas ao mesmo tempo nossa. É a experiência que cada um tem de seu corpo, que o torna incompatível aos outros corpos. Trazemos em nós, todo um mundo intencional sensível e nossa relação com o corpo jamais é unívoca. No entanto, vivemos às vezes nosso corpo como um objeto físico, não diferente dos outros objetos que podemos utilizar e dominar e do qual, finalmente, pode até nos alienar. É nessa ambiguidade que encontramos a doença. Na doença, o corpo é um a rede de significações ligadas entre si pela vida e que, como sistema orgânico, está relacionado com a história pessoal, formação de um mundo, o segredo de uma liberdade e de um destino. Ao mesmo tempo a doença é uma experiência que nos lembra a nossa condição física de seres carnais, uma vez que estamos doentes quando nosso corpo está doente. A pessoa pode tentar se afastar, mas ao mesmo, tempo, se ela está