pensamentos de um cotidiano
Por Rodrigo Mendonça*
Sempre tive comigo aquela mania de observar e ouvir tudo ao meu redor, desde amigos, colegas de trabalho, o cotidiano das cidades (pelo menos aquelas que eu conheço razoavelmente bem) e muito me intriga certos comportamentos da cidade grande, em todos os aspectos. Sendo eu um estudante de jornalismo recém-saído de uma faculdade de Letras, gostaria de retratar certos aspectos curiosos que muitas vezes passam despercebidos aos nossos olhos. Quando caminhava pelas ladeiras de Olinda ou mesmo Recife Antigo, mesmo não sendo carnaval, era lindo ver aqueles blocos gigantescos do maracatu Leão Coroado “zunindo” as alfaias e chamando atenção de vários moradores ás ruas e desfrutar daquele lindo desfile. Demorei algum tempo pra perceber que além daquele espetáculo ser comum, era também muito valorizado pelos seus anfitriões. Também em outros locais da cidade era possível ouvir outros tipos de cultura, mas digo com tristeza que não era frevo ou maracatu, era o que passei a chamar de “lado negro da força cultural” satirizando, é claro, tendo aquele famoso filme como inspiração para tal frase. Imaginem só o tamanho do contraste aos seus ouvidos quando, ao sair disso:
“Nenhuma rede é maior do que o mar, mas o mar espelhado em teus olhos, maior me causa o efeito de concha rio, barulho do mar[...]”
Para isso:
“Toma, gostosa! lapada na rachada! Você pede que eu te dou! Lapada na rachada! E aí? Tá gostoso? Lapada na rachada! Toma! Toma! Toma![...].”
Confesso que ri muito daquele novo sucesso descartável que era uma novidade pra mim, mas já não era tão velho para grande parte daquelas pessoas, e parei pra pensar o quanto aquilo duraria nas rádios, nos “paredões”, nos camelôs e o pior: na minha cabeça (aprendi uma música do Lenine em semanas... mas em cinco minutos decorei isso e não esqueço quase 7 anos depois).
E por falar em camelôs (já morando em Maceió) observei o quanto é hilário e absurdamente comum, mas, porém,