Pensadores
Ideias e críticas
O pensamento de Lutero centralizava-se em alguns pontos que viriam a ser os princípios da reforma protestante: o sacerdócio universal dos crentes, a justificação pela fé, a autoridade exclusiva da Bíblia em questões de fé, a pessoa salvadora de Cristo. Só admitia dois sacramentos - o batismo e a eucaristia.
A soberania de Deus, que se exerce sobre todas as fases da existência, incluindo a ordem política, levou Lutero ao conceito de que os dois reinos - o de Deus e o do mundo -, embora com suas esferas próprias e definidas, estão sujeitos à soberana vontade de Deus, e ambos, portanto, exigem a leal submissão dos crentes. Negava, assim, a submissão do Estado à Igreja.
Sua doutrina teria oferecido, dessa forma, a ideologia oportuna ao nascente nacionalismo alemão, retardado em relação à unificação nacional já processada na Espanha, na França e no Reino Unido. O pensamento de Lutero sobre a íntima relação entre profissão e trabalho teria dado origem ou, pelo menos, favorecido o processo de secularização, fato que colocaria o reformador na base dos grandes movimentos de renovação do nosso tempo, abrindo caminho para a Idade Moderna.
Por outro lado, segundo outros, a insistência de Lutero na idéia da pureza da doutrina, como único critério infalível para a Igreja, estabelecia um obstáculo cada vez maior para o desenvolvimento de novas concepções no terreno ético. A profissão, tomada como missão, tornava-se absolutizante e alienante. Ele considerava "arrogância" o cristão mudar do estado e profissão em que Deus o colocara - e disso resultava a manutenção do tradicionalismo econômico.
Para o teólogo protestante Ernst Troeltsch, há necessidade de se distinguir entre um protestantismo velho e um novo. A confiança irrestrita na Bíblia, como fonte última e definitiva da verdade, levaria ao desprezo de uma atividade intelectual criadora. Lutero, por exemplo, chegaria a chamar a razão de "prostituta do diabo",